Antes de mais nada, é preciso entender o que são divertículos. Divertículos são pequenas “bolsinhas" que se formam na parede do intestino. Raras vezes o intestino delgado é local para esses achados. O intestino grosso (ou cólon) é o local onde quase todas as vezes esses divertículos se formam.
Outro conceito importante: ter divertículos (ouro doença diverticular, ou diverticulose) não é a mesma coisa que ter diverticulite. Diverticulite é uma inflamação específica desses divertículos. A grande maioria das pessoas vai desenvolver divertículos ao longo da vida, e aqui no ocidente, quase todos vão estar localizados no cólon sigmóide - que fica do lado esquerdo do abdome. E nem por isso essas pessoas vão sofrer alguma inflamação neles.
E porque ocorrem esses divertículos?
A falta de fibras na dieta é um dos principais fatores. Excesso de carboidratos, gorduras e proteínas, com poucas fibras alimentares acaba determinando um tipo de digestão e formação de fezes que facilita o aparecimento desses divertículos. Percebe-se que essa dieta é mais ou menos igual à da população mais obesa, e provavelmente por terem hábitos alimentares de risco, esses indivíduos obesos também têm uma tendência a diverticulite. Fumar também faz piorar a doença, e os pacientes tabagistas portadores de divertículos experimentam mais crises de diverticulite. Além disso, a idade também determina aumento dessas formações, principalmente a partir dos 50 anos. Abaixo dos 40 a doença costuma ser raras, mas estima-se que aos 85 anos, mais de 85% da população tenha divertículos no cólon, fazendo com essa seja uma condição frequente na população.
Apesar disso, apenas cerca de 20% desses portadores de divertículos vão desenvolver sintomas ou inflamação.
Existe alguma prevenção?
A única forma de previnir a formação de divertículos é a ingestão de fibras. Estima-se que entre 10 e 20gramas ao dia seja suficiente para evitar o aparecimento da doença. É um número bastante alto, e deve estar na rotina diária.
Quais são os sintomas?
A complicação inflamatórias da doença diverticular dos cólons pode causar basicamente algumas complicações: inflamação, perfuração com formação de abcesso e peritonite. Durante a fase de inflamação o mais comum é uma dor no lado esquerdo do abdome que não passa. Se for adequadamente tratada nessa fase, a chance de evoluir é menor. No entanto se a dor começar a ficar mais forte ou muito aguda, ou vier seguida de febre, é fundamental que vá ao pronto-socorro para avaliar se há necessidade de mais alguma intervenção.
Como é feito o diagnóstico?
Na fase de dor, a colonoscopia não é indicada, especialmente se houver suspeita de perfuração do cólon. A tomografia nesse momento produz informações suficientes para o tratamento, e bastante importantes. A colonoscopia fica reservada para algumas semanas depois da crise, e é necessária porque algumas vezes outras doenças do intestino, como câncer ou doença de Crohn, podem simular diverticulite, e é necessário ter certeza da causa dos sintomas.
E o tratamento?
Na maioria das vezes o tratamento é com medicações para dor e antibióticos, e funciona quase sempre. No entanto, se houver abcesso ou perfuração, pode ser necessária intervenção cirúrgica com urgência. Outra indicação para cirurgia é a de pacientes que têm dor recorrente com bastante freqüência. Nesse caso, se a avaliação médica sugerir a necessidade de cirurgia, ela deve acontecer com hora marcada, sem emergência. A cirurgia em geral acontece por laparoscopia e a porção doente do cólon é retirada, e é feita uma emenda (que é a anastomose) entres as duas partes saudáveis do intestino. A necessidade de colostomia, que é a colocação do intestino para fora do abdome, fixado na parede abdominal e que exige uso de uma bolsa coletora de fezes, é pouquíssimo provável quando a cirurgia é feita com hora marcada. Já na urgência, a chance de acontecer é bem mais alta.
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