Recentemente estive em um grande serviço de Coloproctologia americano e pude verificar durante alguns dias uma rotina impressionante de diagnóstico e tratamento, com inúmeras cirurgias, consultas e exames diários, além de uma das maiores produções científicas do mundo. Voltei mais uma vez com a certeza de que muitas coisas podemos implementar em nossa prática, com boa vontade, energia e boa gestão de recursos. Podemos empurrar nossos limites um pouco além.
Tenho como hábito me deslocar de casa de tempos em tempos para ver técnicas novas, conhecer hospitais que adotam rotinas diferentes e médicos que inovam com sucesso. Estive em vários hospitais no Brasil e Estados Unidos, públicos e privados e pude várias vezes constatar que é possível prestar atendimento digno e adequado à população, sem espera de meses para consulta ou para tratamento, com um grupo multidisciplinar que resolve em conjunto a melhor abordagem para cada caso.
Gostaria de ver hospitais públicos e privados equipados para cirurgias de pequeno e grande porte. Gostaria de poder ouvir de todos os pacientes que sempre houve disponibilidade de tratamento, e de todos os funcionários da saúde do Brasil que estão satisfeitos com as condições de trabalho para que possam prestar o melhor serviço do mundo.
É muito?
Como coloproctologista, o médico especialista responsável pelo tratamento das doenças de cólon, reto e ânus, que trabalha há 25 anos com SUS e com clínica privada, tenho um grande sonho para os próximos anos. Gostaria muito de poder ver as necessidades da população assistidas por especialistas. Poderem ser atendidos em tempo, poderem realizar sua prevenção de câncer de intestino, ter suas dores e desconfortos devidamente investigados, poderem ser operados em ambientes adequados, com os materiais e equipamentos ideais.
No passado, a especialização em coloproctologista era bastante restrita, as residências e estágios eram raras com poucos centros de formação bem estruturados. Hoje é uma especialidade em franca ascensão no mundo todo, com evolução bastante dinâmica e novidades científicas o tempo todo. Por esse motivo, reciclar é necessário! Arejar o conhecimento e lapidar as técnicas cirúrgicas são fundamentais. E para crescer é importante conhecer o que se faz no mundo e saber expandir os nossos limites locais dentro do possível.
A oferta de publicações científicas nessa área cresce muito, com informações chegando numa quantidade excepcional. O estudo do tratamento do câncer colorretal merece destaque científico no mundo, especificamente na genética; mas também as cirurgias laparoscópica e robótica; bem como a melhor recuperação pós-operatória e o importantíssimo papel das equipes multidisciplinares.
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia existe desde 1948, o que mostra que a especialidade não é nova. No Brasil, no entanto, a Coloproctologia cresceu muito apenas nas últimas décadas, com o entendimento da necessidade de especialistas específicos para tratamento dessas afecções. Além dos tratamentos, a especialidade é responsável também pela realização de todos os exames relativos a essas doenças, tais como colonoscopias, manometria anorretal, ultrassonografia retal e outros. E o tempo, associado à dados científicos comprobatórios mostraram que o tratamento feito por especialistas tem melhores resultados.
Diante disso, é fundamental que se estimule o ensino da Coloproctologia nas faculdades dentro de uma disciplina específica, com docentes capacitados. Faculdades que buscam qualidade no ensino fazem questão deste diferencial em favor do melhor ensino de seus alunos. E alunos estimulados e cientes das possibilidades do campo de trabalho acabam se envolvendo com a especialidade desde cedo. O que só nós faz ganhar como médicos, como sociedade.
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